segunda-feira, 15 de junho de 2015

Âncora

Saia do mar marujo de água doce
Esse seu barco de bandeira rasgada
Chega de água e de profundezas
Chega de sair em busca de sua amada

Pare seu barco no cais apodrecido
jogue sua âncora o travando
Suas velas deixe escancaradas
parando o vento no seu convés

O navio balançando e o ar enfurece
Corra, corra, faça sua prece
Tudo vai desmoronar, puro terror
só lhe restará no corpo o tremor

Respire o ar e livre-se da água
encha os pulmões e sinta
sua primeira vez vivendo sem regra
e sente só medo, não minta

Arde o corpo, fica torto
sangram os olhos e o peito
na ira do ar que te preenche
na falta da água que te nutre

Arrasta-se
Esfola-se
Grita sem ar
Sucumbe à sede
A terra também estremece
E no fim
Morre na própria rede!

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