terça-feira, 25 de agosto de 2015

Veio de lá

Da natureza você veio
Da vida, do soprar do vento
Das flores que ficam ali no meio
Do escorregar de um caracolento

Quando lá feliz você residia
Vagalumes faziam da tua noite dia
E em todo belo amanhecer dourado
Pássaros cantavam seu nome acastanhado


Nas ondas que rolavam
Peixinhos prateados brilhavam
Onde tinha areia fofa
Encalhava uma baleia balofa

Raposos procurando suas raposas
Todos bichos querendo boas esposas
Até eu com essa causa me comovi
Depois do curto tempo que te vivi

Nuvens silenciosas

O ressoar das nuvens silenciosas
Das suas formas harmoniosas
Um cão, uma mesa, um dragão
Seus olhos, seu corpo e um coração

São mil formas que hipnotizam
E na sombra que me proteje
Faço tudo para que você me almeje
Até planto no seu peito
Florestas que se enraízam

E dessa mata um sorriso
Que me mata sem aviso
De alegria, de admiração
É suave, uma doce canção

O céu toma tua forma completa
De boca aberta fica aqui o pateta
Um arco íris, um raio
E, de encanto, eu desmaio

domingo, 23 de agosto de 2015

Dias Cinzentos

Novo amanhecer de inverno
Nada diferente do inferno
Gelo também queima
É até pior, congela a alma

Cinza sem Sol, sem céu
Nem um anjo chamado Azazel
Só frio e solidão intensa
Uma dor imensa

Sobra pra sentir o que sobra
A tristeza, bom veneno de cobra
Se espalha pelo corpo
E paralisa a face do jovem morto

sábado, 22 de agosto de 2015

Não se vá

Do tempo que o tempo passa
Ao ver, os olhos num deserto
o rosto seco, quebrado, assa
de peito trincado e aberto

Ele e ela na areia queimando
sem água, sem ar, torrando
No topo da duna se separam sem querer
Um prum lado e o outro rola a morrer

Com o pranto na face
ele faz a ultima prece
nos olhos a ultima gota  d'água em seu corpo
ele diz: Não se vá!!
e cai morto.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Senselessness

De fato tudo se resume à um ato
Branco, vermelho e verde
Vai da cidade até o mato
O ataque da cobra que morde

Com certeza o resumo é a natureza
Azul, verde e amarela
Corre arrepiando com destreza
O galope do cavalo banguela

Do começo se vê fim
Da continuidade, o início
Com beijos um suplício
Dentro do interior de dentro de mim.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Faz Falta

O som entonado, belo
Que do seu peito se exala
Faz falta como nosso elo
Perdido pelo desespero
De te desenhar com aquarela

Som de passarinho profissional
Som de canto que deixa tonto
Um audível sussurrar sem mal
Fazendo meu coração ficar pronto

Tão suave e sorrateiro
Suas ondas sonoras me enrolam
Como uma raíz de salgueiro
Como terra onde pássaros rolam

É leve o som de amor
Que custa a deixar ir
Fica rodando e rodando no calor
Sem querer nunca mais dali sair

domingo, 9 de agosto de 2015

Miniconto - Enfraquecer...

E aquela bela igreja com anjos por todos os lados, todos os cantos treme, trinca, racha e uma parede cai. Seu telhado desmorona, sua cruz finca de lado no chão à sua frente. A fé enfraquece, o medo retorna, a mente enlouquece e se torna tola, irritada, frágil.

Ao lado ele está a observar, imponente alado. Mas penas ele não possuí, só seu couro o recobre. De cor negra avermelhada, grande chifrudo de olhos amarelados, pupilas de cobra e rabo comprido.

De braços cruzados ele me olha e diz: "É o fim, garoto. Aqui acaba seu recomeço, se encerra sua paz que nunca existiu. Estou aqui e para sempre vou ficar. Esses anjos que para você aparecem são meus servos para te enganar... Hahaha." - Termina rindo o grandalhão.

Eu abaixo minha cabeça e me conformo. Com tamanha grandeza não tenho forças, não vejo saídas, não posso lutar.

Só sinto pelo meu teto sagrado que me acolheu em seu interior por tanto tempo, que foi minha morada e minha esperança, que me salvou da autodestruição.

Vou te reconstruir com pedras mais firmes que demônio nenhum nunca irá derrubar novamente.

sábado, 8 de agosto de 2015

Os Dois

No beijo amado
Vindo do sorriso calado
Ela se entrega
E em seu corpo se esfrega

No abraço forte
Ambos vencem a morte
Ele se entrega
E em sua cintura se prega

De cores o dia se pinta
Primeiro amarelo, depois branco
Os dois se cobrem num manto
Para o que for que se sinta

Para o encaixe final
Temos as mãos emaranhadas
Pernas uma na outra enroladas
Elevando-os ao plano celestial

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Inesperado Previsto

Nas mãos de nuvens eu adormeço
E do mundo que sofre esqueço
Minuto a minuto vou sumindo
E minha última e bela visão
É a de você sorrindo

Olhar de pérolas negras
De alegrias impossíveis
Desfazem meu mundo de regras
Em vários pedacinhos amáveis

Finalmente apago
E nos seus braços
Ainda tenho afago
Que faz laços

E no sonho
Algo bizonho
Lagrimas
E paixão